- Área: 105 m²
- Ano: 2017
-
Fotografias:Haruo Mikami
Descrição enviada pela equipe de projeto. Brasília é uma cidade modernista que muitas vezes é comparada a um museu a céu aberto das obras de Oscar Niemeyer. É nesse contexto que o Debaixo do Bloco Arquitetura atua e onde o arquiteto Clay Rodrigues cria uma galeria de arte em um antigo prédio hospitalar. A primeira atitude do arquiteto foi retirar os revestimentos do ambiente, quando removido o forro foi possível ver uma estrutura incomum principalmente no formato das vigas que revelar um desenho sector circular. A preservação desse elemento e enfatizá-lo no projeto se tornou a premissa dessa obra.
O restauro das vigas e pilares aconteceram sem agredir a história do edifício mantendo aspecto rústico, com o concreto aparente e estruturas sem elementos de acabamento, em uma linguagem que revela as imperfeições e a autenticidade do espaço. O forro branco solto da laje seguiu o desenho do esqueleto do edifício criando um movimento, onde de certa forma lembram as rampas do museu nacional desenhadas por Niemeyer. Já nas paredes foi assentado placas cimentícias que junto ao piso e ao concreto trazem neutralidade para um ambiente que precisa expor de forma itinerante diferentes objetos e de diferentes cores.
A bancada principal tem como material uma pedra preta lixada e levigada para retirar o brilho e junto a um mármore carrara quebrado acentua que os “defeitos” são propositalmente conservados e exaltados, já que são eles que dão originalidade e personalidade nesse projeto. Em meio a esse clima cinza e branco o mobiliário foi escolhido propositalmente nas cores caramelos, couro natural e madeira, são eles que trazem o aconchego para a galeria e evitam que o ambiente se mantenha frio.
A vasta área de 105 m² revela espaços vazios para que exista circulação e ao mesmo tempo aproveitamento para eventos e lançamentos, além de possibilitar a visibilidade das obras de diferentes ângulos e distâncias. O jardim projetado por Fabio Camargo aparece em penumbras criada pelo vidro texturizado, que possui uma gravação pontilhada regular por toda a sua superfície. O material deixa a luz natural passar sem que se tenha perda da privacidade, o que permitiu criar um jogo de ver e não ver, as janelas pivotantes também ajudam nessa integração do paisagismo e do urbanismo, de dentro da galeria é possível ver e perceber a intervenção discreta causada pelo movimento da rua.